E53 DEEM-ME MÚSICA E PODEREI MUDAR O MUNDO

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Ao acordar de madrugada temos tendências a tecer estranhas teias de ideias que se encadeiam como um emaranhado sem sentido, mas que, afinal, até tem algo de razoavelmente razoável. Foi assim neste dilúculo. Perante a perspetiva em ter de fazer um episodio e se ter esgotado o stock de paleio (a festa de aniversário foi dura e andamos meio azamboados logo estamos perdoados por ainda não termos voltado à carga) pensava no «L’Étranger» de Camus, que me levou ao “Killing an Arab” dos The Cure, e, da cura à desgraça foi um passo. Este episódio, sem conversa e muita música, é dedicado às vítimas não só do recente terramoto que abalou a Síria e a Turquia, mas também aos que sofrem na pele a fatalidade da indiferença e desconfiança pela diferença (que serve de mote para a abertura do episodio). Fazer um episodio com cinquenta e cinco minutos de silencio poderia, talvez, ser o apropriado (e até podíamos lá botar pelo meio os 4'33’’ do John Cage em versão grind core só para quebrar a monotonia) mas fazemos nossas as palavras do poeta Raouf Reda Habib: “Deem-me um livro [ou música, dizemos nós] e poderei mudar o mundo, deem-me uma arma e não haverá mundo para mudar.”

  • Haram – In defence of Yourself (EUA)
  • Aziz Azmet - Onbeşinde Aldım Sazı (Turquia)
  • Mazhott – Awiha (Síria)
  • She Past Away - Kasvetli Kutlama (Turquia)
  • Omar Souleyman - Ya Bnayya (Síria)
  • Second - İstanbul’da (Turquia)
  • Maysaloon - Warsphere (Síria)
  • Tampon - Mavi Pembe (Turquia)
  • Sa’aleek Band - Ya deerty (Síria)
  • Not Made In China - Otomatik Ruhlar (Turquia)
  • Abu Abdullah e Mohamad Isa Almaziod – canção de refugiados sírios no campo de Zaatari
  • The Ayılar - Bira ve Sokaklar (Turquia)
  • Omar Souleyman - La Sidounak Sayyada (Síria)
  • Cemiyette Pişiyorum - Supradin ( Et Rengi Tuzak ) (Turquia)
  • Hülya Süer - Şeker Oğlan (Turquia)

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